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OPINIÃO: Prós e Contras - mais contras que prós
Sex, 13 Out 2017

OPINIÃO: Prós e Contras - mais contras que prós
Só tive conhecimento no Domingo que no programa Prós e Contras, emitido às segundas na RTP1, ia ser debatida a alteração de nome e sexo aos 16 anos.

Com efeito no Domingo fui contactada por amigos a informarem-me e a questionarem se eu iria estar presente. Como não sabia de nada, fui “cuscar” à página facebookiana se lá estava alguma informação. E com efeito lá estava um videozinho a publicitar.

Fui também informada que iriam estar presentes como oradores Catarina Marcelino (Secretária de Estado da Igualdade) e Sandra Cunha (BE), que se soubesse na altura.

Bem, tive de ponderar: pelos vistos nenhuma associação/grupo independente trans tinha sido convidado para falar sobre um assunto que lhes dizia directamente respeito (e como se veio a verificar, nenhum grupo trans foi convidado, independente ou não). Também duvidei (acertadamente) que nenhuma pessoa trans (entre os 16 e os 18 anos) iria ser ouvida. Também imaginei logo (acertadamente) que o Abel iria ser convidado, por ser psicólogo e sexólogo (visto que o Dr. Décio se encontra envolto em polémica), e por ser do CDS. Imaginei (também acertadamente, só não acerto é no euromilhões, pelos vistos) que as pessoas trans que comparecessem iriam ter pouca ou nenhuma possibilidade de serem ouvidas. E depois de conferenciar com a Lara, decidimos que não iríamos dar o aval ao programa com a nossa presença nestes termos.

Em vez disso considerámos muito mais produtivo tentar-se mobilizar a população trans e apoiantes para que votassem na enquete que o programa costuma ter e que vai apresentando. Seria muito bom termos uma boa prestação de apoio nessa enquete para contrabalançar o previsível apagamento das pessoas trans no programa. Como se viu, não resultou. Mas tentou-se.

Efectivamente a comunidade trans que compareceu no programa foi tratada como os “freaks” em exposição. Compreenda-se, costumo ver o programa quando não está a dar nada de interesse ou novo em outros canais, portanto já tinha visto alguns. E nunca em nenhum programa vi filmarem tanto o público, entenda-se, pessoas trans presentes. Portanto as pessoas trans que lá foram serviram dois propósitos: dar a aval ao programa, apesar de terem sido ignoradas e impedidas de se pronunciarem sobre assuntos que as afectam directamente, e servirem de exposição.

A única pessoa trans que falou, Daniela Bento, fê-lo, segundo sei, porque uma única pessoa trans podia falar durante o programa. Não sei é se falou porque mais ninguém quis, por decisão conjunta dos presentes, ou por se encontrar à frente do GRIT-ILGA Portugal. Nem se só podia falar uma única vez durante o programa, como aconteceu, provavelmente sim, foi por imposição do programa.

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Transfofa

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