Sob o epíteto «Igualdade de Oportunidades, a manifestação encetou na Praça da República e percorreu o Viaduto Gonçalo Cristóvão, exuberando uma efusividade à qual os muitos transeuntes não ficavam indiferentes. Eu amo quem quiser, seja homem ou mulher, exaltado em uníssono por cerca de 600 vozes, enquanto desciam a Rua de Sá Bandeira. Juntamente com cartazes reivindicativos, balões, bandeiras com as cores do arco-íris, apitos e o ritmo incessante expelido pelas colunas gigantes de um jipe negro descapotável, transformaram o quotidiano de um convencional sábado da Invicta.
A adesão não se limita à cidade ou até ao país. São inúmeros os estrangeiros que fizeram questão de marcar presença. Jean-Marc, 44 anos, veio da Suiça, movido pela curiosidade de presenciar uma marcha LGBT no Porto, após experiências anteriores em Lausanne e Paris. Está muito alegre, só tenho pena que as pessoas estejam pouco libertas. Há poucos beijos e demonstrações de afecto, referiu. Natasha Mota, co-organizadora, reconhece que ainda persiste algum pudor nesse aspecto, referindo que em Lisboa já há menos receio nas mostras de afeição pública. No entanto afirma-se convicta que a naturalidade vai surgir em pleno. É apenas a segunda marcha. Com o tempo as coisas vão mudar.
Já na Avenida dos Aliados, formou-se um quadrado humano a elevar cartazes a exigir igualdade de direitos, à medida que uma bandeira gigante colorida ia sendo erguida ao ritmo do troar de uma dezena de tambores. A leitura do manifesto foi coroada por uma salva de palmas, por parte dos participantes e pelas dezenas de portuenses que assistiam. Acho que conseguimos passar às pessoas a nossa mensagem, concluiu Natasha Mota.