Socialistas vencem na Espanha e premiê diz que buscará união
Há quatro anos, Zapatero teve um triunfo acidental depois do fiasco do então governo conservador nas investigações dos atentados em Madri praticados pelo terror islâmico. Desta vez, a vitoria é mais legítima (e pessoal para o dirigente), embora agora exista a sombra do terrorismo basco e uma postura mais conciliatória dos socialistas do que a dos conservadores neste desafio. O assassinato de um ex-vereador socialista pelos extremistas do ETA na sexta-feira trouxe simpatia para o partido de Zapatero.
Os eleitores preferiram a receita socialista de mais gastos públicos e corte de impostos. Existe um especial senso de urgência para a geração de empregos para conter tensões sociais, que em parte resultam do maciço fluxo de imigrantes (quatro milhões desde o ano 2000). Depois dos EUA, nenhum país acolhe (ou mal acolhe) tantos imigrantes como a Espanha e este é um fenômeno novo.
Brasileiros que estavam desembarcando na Espanha e que se disseram destratados, expressam fúria contra as autoridades espanholas, mas a política do governo Zapatero é mais generosa do que a da oposição conservadora. Mariano Rajoy falava em expulsar imigrantes desempregados em caso de sua vitória eleitoral. No geral, existe questionamento popular desta politica relativamente generosa e, por esta razão, o governo com mandato renovado está diante de presões urgentes para gerar mais empregos. Os parceiros na União Européia também pressionam por mais arrocho em relação aos imigrantes. Os socialistas devem se curvar.
Ironicamente em meio a este clamor por menos tolerância para os imigrantes, outro fator do triunfo do Zapatero foi a ampliação dos direitos civis sociais no país durante seu primeiro governo em áreas como o casamento gay, divórcio e punição mais draconianas contra a violência doméstica. Estes componentes de liberalização social devem avançar. Em outros, azar dos imigrantes.