Este evento começou em Toronto quando o policial Michael Sanguinetti, disse que as mulheres deviam evitar de se vestirem como "Sluts" como forma de prevenir violações, referindo-se desta forma a uma jovem vítima.
Assim e desde o dia 3 de Abril do corrente ano, que um pouco por todo o mundo estas manifestações tem acontecido protestando contra uma "autoridade" que incrimina a vitima ao invés de punir o violador.
Por isso o Porto junta-se a todas as Slut Walk porque "não é mesmo não, porque quando é sim sabemos ser claras".
Foi isto que motivou as perto de cem pessoas que marcharam pelas ruas mais movimentadas do Porto nesta noite de sábado.
Com concentração frente ao Tribunal da Relação do Porto no jardim da Cordoaria, passando para a área do conhecido café boémio "Piolho", onde foi lido o manifesto usando a arquitectura citadina como palanque. Depois a rua Galeria de Paris, o novo centro da vida noturna da cidade, onde o grupo foi presenteado pelo Bar Galeria de Paris com uma rodada de champanhe decorado com frutas. Depois a rua Cândido Reis, e finalmente a Praça Dona Filipa de Lencastre, vulgarmente conhecida como Praça de Ceuta, onde foi lido novamente o manifesto usando o palco de um concerto que tinha terminado naquele momento. Mais uma gentileza que provou que afinal há quem se preocupe com o abuso exercido sobre as mulheres.
Nesta incursão pelas ruas do Porto alguns e algumas juntaram-se à marcha.
Depois o grupo seguiu para os Poveiros onde deram por terminada esta primeira Slut Walk Porto.
Veja a foto-reportagem e vídeo respectivo em: www.portugalgay.pt/extra/slutwalkporto2011/ .
Manifesto
Em Janeiro de 2011 um polícia afirmou em Toronto que as mulheres devem evitar vestir-se de forma provocante se não quiserem ser violadas. A SlutWalk Porto junta-se à vaga de indignação que esta afirmação causou um pouco por todo o mundo.
Recusamos totalmente a culpabilização das mulheres face a situações de violência sexual. Recusamos a cumplicidade com a agressão e com quem agride, seja pelo silêncio ou pela benevolência. Recusamos a objectificação e mercantilização dos corpos das mulheres. Mude-se as leis, mude-se quem agride. Mude-se a cultura patriarcal que diz às mulheres para não serem violadas, em vez de dizer aos homens para não violarem.
Mude-se a moral dominante, segundo a qual SLUTs somos todas nós, mulheres casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, heterossexuais ou lésbicas, bissexuais, assexuais, com ou sem companheirxs, monogâmicas ou não, com ou sem filhxs. SLUTs são todas as mulheres que não inibem gestos, emoções, desejos ou vontades, que vestem, falam e vivem de acordo com os seus próprios padrões, que se não vergam à moral dominante.
Se SLUT galdéria, desavergonhada, puta, descarada, vadia, badalhoca, fácil é uma mulher que decide sobre o seu corpo, sobre a sua sexualidade, e que procura prazer, então, somos SLUTs, sim!
Não queremos piropos sexistas, não queremos paternalismo, não queremos violência sexual. Dizemos não, por mais cidadania. Dizemos não, por mais democracia. Dizemos não, por mais liberdade.
Se ponho um decote Não é Não!
Se pus aquelas calças de que tanto gostas Não é Não!
Se uso burqa Não é Não!
Se durmo com quem me apetece Não é Não!
Se sou virgem Não é Não!
Se passo naquela rua Não é Não!
Se vamos para os copos Não é Não!
Se me sinto vulnerável Não é Não!
Se sou deficiente Não é Não!
Se saio com xs maiores galdérixs Não é Não!
Se ontem dormi contigo Não é Não!
Se sou trabalhadora sexual Não é Não!
Se és meu chefe Não é Não!
Se somos casadxs, companheirxs, namoradxs Não é Não!
Se sou tua paciente Não é Não!
Se sou tua parente Não é Não!
Se sou imigrante ilegal Não é Não!
Se tenho relações poliamorosas Não é Não!
Se sou empregada de hotel Não é Não!
Se tens dúvidas se aquilo foi um sim, então Não é Não!
Se és padre, imam, rabi ou poojary Não é Não!
Se beijo outra mulher no meio da rua Não é Não!
Se sou brasileira, cabo-verdiana, angolana ou de outro país que sofreu colonização Não é Não!
Se tenho mamas e pila Não é Não!
Se disse sim e já não me apetece Não é Não!
Se sou empregada doméstica Não é Não!
Se adoro ver pornografia Não é Não!
Se ando à boleia Não é Não!
Se estamos numa festa swing, numa sex party ou numa cena BDSM Não é Não!
Se já abrimos o preservativo Não é Não!
NÃO é sempre NÃO. Quando é SIM, não há ambiguidades ou dúvidas porque sabemos o que queremos e sabemos ser claras.