A comunidade lésbica, gay, bissexual e transgénero (LGBT) acredita que o casamento entre pessoas do mesmo sexo pode ser uma realidade em Portugal, aguardando o cumprimento da promessa do Governo liderado por José Sócrates que garantiu abordar a questão já em 2007.
Durante a apresentação da sétima Marcha Nacional do Orgulho LGBT, a realizar sábado, com início marcado para o Marquês de Pombal, em Lisboa, às 15h00, as associações ILGA, Clube Safo, Não Te Prives e Panteras Rosa não esconderam a confiança em ver o assunto resolvido. Paulo Côrte-Real, da ILGA, considera não existir qualquer obstáculo legítimo para que o Governo não aprove o casamento entre casais homossexuais.
Apesar de o assunto não ser consensual na sociedade portuguesa, Côrte-Real conta com o apoio já expresso de alguns deputados socialistas e de vários elementos de outras cores políticas. Há abertura para acabarmos de uma vez por todas com a discriminação existente na lei, disse Côrte-Real, justificando com a revisão constitucional de 2004, que passou a proibir a discriminação com base na orientação sexual.
O casamento entre pessoas do mesmo sexo é, entre as reivindicações das associações LGBT, a que reúne maior optimismo. No manifesto ontem apresentado, que será lido durante a marcha de sábado, também é abordada a adopção.
No entanto, diz João Louçã, representante da Panteras Rosa, o caso muda de figura: A aprovação recente da procriação medicamente assistida é clara em mostrar que não podemos estar optimistas, porque continua por resolver a possibilidade de uma mulher sozinha poder ter filhos. É irresponsável excluir casais do mesmo sexo quando há 14 mil crianças à espera de serem adoptadas.
Durante a marcha aberta a todos os que queiram um Portugal mais tolerante será feito um minuto de silêncio em memória de Gisberta Salce Júnior, transsexual morta em Fevereiro, no Porto.