Ron Peck, realizador que com Nighthawks (1978) conquistou um importante papel de pioneirismo na história do cinema queer no Reino Unido, exibe hoje e amanhã dois dos seus filmes de referência. O Queer Lisboa convidou o realizador, que foi dos primeiros cineastas no Reino Unido a abordar temáticas queer de forma aberta na sua obra, oferecendo uma perspectiva única da cultura gay da Londres dos anos 70 e 80, a estar presente para o que será a primeira exibição da sua filmografia completa. Empire State passará hoje às 17h00 no Cinema São Jorge, ao passo que amanhã terá lugar a exibição de Strip Jack Naked, um documentário autobiográfico que revisita Nighthawks, oferecendo, num olhar autobiográfico, uma visão política dos anos Thatcher.
Também integrado na da secção Queer Art, o Queer Lisboa apresenta hoje Pierrot Lunaire, de Bruce LaBruce, filme que propõe uma leitura menos canónica da obra homónima de Schönberg. Last Summer, que nos conta o último Verão na relação de dois rapazes, que sempre viveram juntos, no sul rural da América, estreia na Competição de Longas-Metragens, enquanto São Paulo em Hi-Fi, de Lufe Steffen, e I Fantasmi di San Berillo, de Edoardo Morabito estreiam na Competição de Documentários. Este último filme é um olhar sobre o antigo bairro de San Berillo em Catânia (na Sicília), um frágil sobrevivente de uma renovação urbana conduzida nos anos 50, onde figuras marginais sempre encontraram abrigo, e que em tempos albergou um dos mais importantes bairros de prostituição do Mediterrâneo.
Na Cinemateca, o ciclo dedicado ao realizador John Waters apresenta Desperate Living, filme centrado na história de uma dona de casa louca que, depois de assassinar o marido, foge com a sua empregada doméstica obesa para uma cidade utópica, onde tudo é possível. Igualmente na Cinemateca, o ciclo Queer Focus on Africa exibe dois dos seus maiores destaques: Woubi Chéri, considerado o primeiro filme africano a dar a oportunidade a homossexuais e transsexuais de África de descreverem o seu mundo nas suas próprias palavras, e Simon and I,onde a história da luta do movimento LGBT na África do Sul é contada acompanhando a relação de Simon Nkoli com a própria realizadora, Beverley Ditsie, duas das figuras de destaque do movimento. Os realizadores de ambos os filmes estarão presentes nas sessões respectivas, e participarão no debate “Queerização do Cinema Africano”, que terá lugar também na Cinemateca às 17h00.
A competição de Curtas-Metragens exibe o seu segundo programa, em que serão exibidas Carreteras, de Denisse Quintero, Cigano, de David Bonneville, Fucking Tøs, de Kira Richards Hansen, e I Love Hooligans, de Jan-Dirk Bouw. Frei Luís de Sousa, dos colectivos Silly Season e Kinéma, também será exibido, com a presença de toda a equipa na sessão.