As autoridades de Moscovo, que tinham proibido a realização da parada gay, puseram cerca de 1700 polícias na rua, não tanto para impedir a manifestação de homossexuais, quanto para evitar confrontos entre gays, por um lado, e grupos religiosos e políticos radicais, por outro.
Gritando Sodoma não passará! e Moscovo não é Sodoma!, dezenas de extremistas lançaram-se contra os homossexuais que tentavam colocar uma coroa de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido, junto da muralha do Kremlin, em sinal de protesto contra o fascismo e a intolerância. A polícia impediu esse acto e prendeu cerca de 50 manifestantes de ambos os lados.
A polícia actuou também para impedir que cerca de 25 jovens neonazis atacassem um grupo de homossexuais noutro ponto do centro de Moscovo, tendo feito aí também numerosas detenções. No total, mais de 120 pessoas, de ambos os lados, foram levadas para esquadras.
Nas manifestações participaram convidados estrangeiros de cerca de vinte países, entre eles deputados do Bundestag alemão e do Parlamento Europeu, um vice-presidente da Câmara de Paris. O deputado alemão Volker Beck foi ferido durante um ataque de jovens neonazis. Em declarações à cadeia televisiva alemã RTL, o deputado criticou a actuação da polícia, a quem acusou de não proteger os manifestantes.
Dias antes, Merlin Holland, neto do dramaturgo britânico Oscar Wilde, estivera na Biblioteca de Literatura Estrangeira de Moscovo para participar numa palestra dedicada à tolerância, mas acabou por ser atacado por jovens que lançaram sobre ele uma autêntica chuva de ovos.
Durante o período comunista (1917-1991), o Código Penal Soviético castigava com três anos de prisão os actos homossexuais masculinos. Esta pena foi retirada das leis russas, mas existe uma atitude muito negativa entre os russos face aos gays, atitude essa apoiada por várias confissões religiosas.