Raramente estes acontecimentos dão origem a uma acção judicial. Segundo a procuradora, Magali Josse, foi uma verdadeira operação comando "contra uma vítima escolhida", "num estado de grande vulnerabilidade" e que viveu um "pesadelo" por várias horas.
A acusação tinha pedido 5 anos de prisão contra os dois homens, com um período de 18 meses de condicional para um deles.
A Presidente do Tribunal de Justiça, Francoise Boissy, havia enfatizado, no resumo dos factos, que travestis e prostitutas são "presas fáceis" e que "raramente fazem uma queixa" nestas questões.
Na noite de 7 a 8 de Julho de 2008, uma travesti peruana de 26 anos em situação irregular na França e quase sem falar francês, que exercia o comércio sexual há cerca de 10 meses na floresta de Boulogne foi espancada, algemada e amarrada depois de entrar numa van.
Os seus atacantes, um dos quais falava com ela em espanhol, levou-a para um apartamento em Arcueil, uma cidade ao sul de Paris, onde foi ameaçada com uma faca para saberem onde escondia o dinheiro.
Seguidamente, um foi ao local onde a vítima estava hospedada, mas sem conseguir entrar no apartamento da jovem trans. Por fim, a vítima conseguiu escapar de manhã saindo pela janela enquanto os seus captores estavam a dormir. Ter-se-ia então refugiado na casa de um conhecido que avisou a polícia.
Não se sabe se existe alguma acção judicial contra a vítima peruana por se encontrar irregular em França.