"Expulsaram-me por ser transexual", afirmou. A sua história foi ouvida no tribunal Social Noº 1 de Vitória, pois esta mulher decidiu levar o caso "até ao fim".
Nada fazia pensar que o contrato de "seis meses" duraria apenas algumas horas. María Jesús entrou "às onze horas da manhã" de uma sexta-feira como ajudante de cozinha e "às duas da tarde" reuniu-se com seu chefe a quem, aparentemente, tinham chegado alguns rumores sobre a sua nova empregada. "Ligou-me e disse que tinha ouvido que eu era uma pessoa transexual e que não podia manter-me no local", afirmou na sua queixa perante a Inspección Provincial de Trabajo. Os motivos alegados que basearam a sua decisão suscitaram profunda indignação na mulher, que não acreditava que a despediam porque "os bêbados e os jovens poderiam meter-se comigo pela minha condição".
O dono do bar fê-la "assinar um papel e deu-me 40 euros". Para María Jesús, presidente da associação 'Soy como soy' de transexuais asturianos (nasceu em Gijón, Astúrias) não restava mais nenhuma dúvida: tinha sido "despedida sem justa causa por discriminação sexual por causa da minha condição". Assim, decidiu fazer a denúncia, na qual também solicitava uma conciliação com a empresa e um reconhecimento verbal e escrito dos factos, o que fez a 8 de Junho por "demissão injustificada e discriminação" à Inspección Provincial de Trabajo.
A reunião ocorrida a 22 de Junho não deu frutos, e o caso seguiu para os tribunais. A 5 de Novembro deu-se a primeira audição, enquanto membros do Ehgam Álava, grupo que reúne gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e transgéneros na província, faziam uma concentração ao meio-dia para mostrar o seu apoio.
Mas a luta de María Jesús começou há uma década. Em finais dos anos noventa conseguiu que a juíza que supervisionava os estabelecimentos prisionais das Astúrias ditasse que tinha o direito de se vestir como mulher numa prisão masculina, onde permaneceu por dois meses por roubar numa loja.