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PORTUGAL: Eduarda Santos 1958-2023
Sáb, 21 Jan 2023

PORTUGAL: Eduarda Santos 1958-2023
Eduarda Santos faleceu no dia 20 de janeiro de 2023, deixando uma pegada indelével nas questões de direitos trans em Portugal. Em memória deste ativismo excepcional re-publicamos um artigo de 2016 em que partilhou alguma das suas aventuras e desventuras.

PORTUGAL: 20 anos depois - Eduarda Santos - Dezembro 2016

Eduarda Santos ou Transfofa como é conhecida nas redes, é uma ativista de longa data pelos direitos Trans. Todos os dias relata novas vítimas da transfobia um pouco por todo o mundo mas o seu trabalho foca-se em Portugal. Este é o seu testemunho.

Vinte anos atrás...

Há 20 anos atrás, imagine-se, a net ainda não estava disseminada como hoje. Eu ainda não tinha net, e como na Europa, contrariamente ao que sucede nos Estados Unidos, berço da net, a net, incompreensivelmente, paga-se, aliado aos preços a que o hardware é vendido por cá, durante bastante tempo não tive acesso à net. Primeiro era o preço dos PCs, depois era o preço da net, que começou a ser distribuída via rede telefónica. Isto levou a que tivesse primeiro um PC, e só muito depois o acesso à net.

Nesses tempos não havia informação sobre temáticas lgbt. E como sempre acontece, a temática t foi a última a aparecer, muito timidamente. Nessa altura eu juntava todas as notícias que conseguia chegar: recortes de jornais, que muito raramente falavam sobre a temática trans, sendo que quando o faziam era tudo englobado no termo gay ou homossexualidade, e sempre numa perspectiva negativa. As pessoas trans (que não o eram, eram travestis gays) eram assim uma espécie de freaks, uns anormais que se vestiam de mulheres, o que para os psicólogos e psiquiatras da época era um sintoma de uma homossexualidade não auto-aceite. Isto apesar de lá por fora já se falar de transexualidade autónoma, ou seja, separada da homossexualidade. Mas por cá as coisas demoram sempre muito a serem assimiladas.

Activismo

Iniciei-me no activismo a pouco e pouco. Dois factores empurraram-me: o primeiro foi o assassinato de Gwen Araújo, em Outubro de 2002 nos Estados Unidos. Nessa altura já tinha net, já andava a vasculhar tudo à procura de informação, e já tinha interiorizado quem era. A partir daí comecei a postar notícias no meu blog da altura sobre a temática trans e a denunciar estes crimes, o que continuo a fazer até hoje no FB, onde tenho vários albuns com os crimes dos vários anos. Foi assim que comecei, muito timidamente mas ganhando confiança com o passar dos tempos.

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