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PORTUGAL: Eduarda Santos 1958-2023
Sáb, 21 Jan 2023

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PORTUGAL: Eduarda Santos 1958-2023
Qual o meu espanto quando recebo via email a redacção da proposta, sem nada a ver com o que tinha ficado acordado, com o foco na diferença de ordenado que o Dr Décio desejava para ficar no SNS e o que o estado lhe queria pagar. Nada do que se tinha falado na reunião. Seguidamente recebi alguns emails de pessoas que tinham estado presentes na reunião a questionarem a proposta e a pedirem desculpa mas assim não assinavam em nome das respectivas organizações. Bem, nem eu assinei. Vim a descobrir depois que o texto apresentado tinha sido escrito pelo Dr. Décio. Uma oportunidade de colaboração inter associações perdeu-se desta maneira. Pior, como tinha sido eu a contactar as associações, foi a mim que puseram em cheque, a minha palavra. Não culpo o representante da rede, afinal era só um gay, mas a representante do Grit era trans. E embora hoje em dia ande com a bandeira da despatologização, este episódio de cedência ao lobby médico não ficou esquecido na minha memória. Espero que as cirurgias tenham valido a pena.

Continua a primazia da questão médica

Um dos problemas do activismo é que, apesar dele, tem-se que fazer na mesma um processo. Médico. Patologizado. E quando se luta ao mesmo tempo contra o lobby médico, existe sempre a possibilidade de retaliações. Estava encravada num determinado momento, e pessoas amigas falaram-me de uma pessoa que era compreensiva e que ajudava, e essas pessoas ajudaram-me a entrar em contacto com ela. Essa pessoa ajudou-me e a coisa avançou. Ficámos em contacto via FB, sendo visita regular ao meu canal de notícias trans (de que falarei à frente). Um dia deparei-me com um escrito dessa pessoa em que mencionava o mal amado Dr Zucker, tristemente famoso por defender uma espécie de cura trans, que era simplesmente a negação às crianças trans da sua identidade, forçando-as a vestirem-se e a agirem como do seu género de nascimento, fosse de que maneira fosse.

Como seria de esperar, não achei bem essa menção. O Dr Zucker é considerado internacionalmente como anti-trans, tanto que recentemente a sua “clínica” foi encerrada pelas autoridades de saúde canadianas. Foi ele o inventor dessa aberração que é a classificação do “travestismo fetichista”. Vai daí escrevi um textozinho em que criticava essa menção, sem sequer atacar quem o escreveu. Pouco tempo depois, vindo de uma segunda pessoa, um comentário em que dizia que eu era mal agradecida com quem me tinha ajudado. Respondi e a coisa ficou por aí, salvo que as visitas de quem regularmente visitava e comentava notícias pararam. Julgavam porventura que eu me tinha vendido, ou que o facto de me terem ajudado as escudava. Bem, ficaram a saber que não estou à venda, nem pelo processo. O que acho que está mal, critico, venha de onde vier. Estou agradecida, e muito, pela ajuda, mas se era uma ajuda com “ses” ou “mas” deviam ter avisado logo, pois como já disse, não estou à venda.

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