10º Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa
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sinopsesSábado, 16 - 15:30
Quarteto - Sala 4
Agora que os seus filhos, netos e três bisnetos já saíram de casa, Aliza e Massud Deri - imigrantes marroquinos em Israel - vivem sós numa pequena cidade do sul de Israel. Agora que todos os seus filhos já estão casados, excepto David, o mais novo, Aliza e Massud estão obcecados com esta expectativa óbvia, e continuadamente abençoam-no com ter uma "casa", uma "mulher", uma "família", de preferência "com a bênção de Deus", - e já! David tem 26 anos e é homossexual. Como pode ele lidar com esta situação delicada de revelar os seus "outros" planos, salvaguardando o que ele realmente é, e permitindo, ao mesmo tempo, aos seus pais aceitarem esta situação segundo os seus próprios termos, ou seja, não o aceitando e rezando para que "passe". Trata-se de uma negociação diária. Os seus irmãos, tal como as suas duas irmãs, que quem é bastante próximo, têm um papel fundamental neste comovente e divertido documentário, que nos revela o que há de pior, mas também de melhor, no clã Dery, ao embarcarem todos nesta jornada de David em direcção à sua afirmação.
Now that most of their children, grandchildren and three great-grandchildren have moved away, Aliza and Massud Deri, who immigrated from Morocco to Israel, live by themselves in a small southern town in Israel. Now that all of them have married, except the youngest one David, they have become obsessed with their obvious expectations and ceaselessly bless him for a 'home,' a 'woman,' 'a family,' 'with God’s will,' preferably Now! David is 26 and a homosexual. How can he deal with this delicate situation of revealing his 'Other' plans, being what he is while allowing his traditional and all-encompassing parents to accept the situation 'on their own terms,' which means not really accepting it, but trying to pray it away. A give and take situation, each day anew. His brothers, as well as his two very close sisters, play a part in this warm, funny and hurting documentary which brings out the best and the worst in the Deri Clan as they join David in his journey to selfhood
Sábado, 16 - 17:30
Quarteto - Sala 4
Programa de Curtas 'Can You Take It?'
Jane, uma lésbica de São Francisco, regressa à sua terra natal no Ohio para celebrar o seu 42º aniversário, arrastando consigo a sua namorada. Uma vez lá, a dinâmica da sua família força-a a confrontar a sua própria homofobia internalizada, oculta sob uma fachada de orgulho.
On her 42nd birthday, Jane, a lesbian from San Francisco, decides to pay a visit to her native town in Ohio, with her lover in tow. Family dynamics force her to face her internalised homophobia seething under her ‘out and proud’ façade.
Terça, 19 - 15:30
Quarteto - Sala 4
Diana é um travesti de 25 anos. Há 8 anos que se dedica a esta forma de vida, para sobreviver e ajudar a família. No seu trabalho nocturno teve problemas com gente que a agrediu, só pela sua actividade. Diana tem traços muito femininos, pelo que a tratam, no meio, como "a bela Diana". Participou em vários concursos de beleza, tendo ganho vários títulos em La Paz e outras regiões da Bolívia. Pela primeira vez, Diana acedeu em conceder uma entrevista de carácter mais íntimo, mostrando-nos os seus objectos pessoais e as suas roupas, bem como documentação fotográfica das várias fases da sua vida.
Diana is a 25 year-old transvestite. For 8 years she has devoted herself to this activity as a means to survive and to aid her family. In her night life, she has suffered numerous aggressions, for the sole reason of being a transvestite. Diana has very feminine features, and she is commonly known among her friends as ?the beautiful Diana?. She has participated in several beauty pageants and has won several awards in La Paz and other regions of Bolivia. For the first time, Diana has agreed to a more intimate interview, revealing us her personal objects and wardrobe, as well as photographs of different stages of her life.
Terça, 19 - 19:00
Auditório Instituto Franco-Português
François Chenu, de vinte e nove anos, foi espancado até à morte por três skinheads num parque de Reims, na madrugada de 13 para 14 de Setembro de 2002, só porque era homossexual. Sob a luz dos faróis, um pai pergunta-se "como se pode seguir vivendo depois disto…" A câmara de Olivier Meyrou acompanha este percurso extraordinário, antes e durante o processo de acusação dos três réus. Através de entrevistas com os advogados de defesa e do ministério público, e com a própria família Chenu, Au-Delà de la Haine (Para lá do Ódio) mostra-nos como os pais de François ultrapassam a sua dor, fieis aos seus valores, para que o seu combate a favor da tolerância e do respeito pelo outro adquira, hoje, todo o seu sentido.
"Queria questionar-me sobre a homofobia no mundo. E depois, surgiu a notícia da morte de François Chenu em Setembro de 2002. Através deste drama, foi possível estudar a sociedade francesa. Contactei e trabalhei com os três advogados de defesa e a advogada do ministério público. A minha primeira ideia foi a de procurar explicar, pela história dos três acusados, a mecânica do ódio. No passado mês de Junho, os pais de François aceitaram por fim encontrar-se comigo. Graças a eles e à sua atitude perante o processo de luto, o documentário ganhou novos contornos."
Olivier Meyrou
Twenty-nine year old François Chenu was beaten to death by three skinheads in a park in Reims, France, on the night of the 13th to the 14th September 2002, just because he was gay. Under the car lights, a father asks himself "how can one go on living after this…" Olivier Meyrou's camera follows this extraordinary path, before and during the accusation process against the three men. Through comprehensive interviews with both defence lawyers and district attorney, and the Chenu family, Au-Delà de la Haine (Beyond Hatered) reveals us how François' parents surpass their pain, remaining faithful to their values, so that their battle for tolerance and respect acquires, today, all it true significance.
"I wanted to question homophobia in the world today. And then the news on François Chenu's death on September 2002 came to light. Through this drama, it was possible to survey French society. I contacted and worked together with the three defence lawyers and the district attorney. My first idea was to try to explain the mechanics of hate, through the story of the three accused men. Last June, François' parents agreed at last to meet me. Thanks to them and their attitude throughout their mourning process, the documentary won a new dynamic."
Olivier Meyrou
Terça, 19 - 19:30
Quarteto - Sala 4
Este documentário retrata a vida e as reflexões de vários adolescentes norte-americanos, filhos de pais gay ou lésbicas. Christopher tem 12 anos, vive em Manhattan e tem dois pais. Kyle tem 15 anos, vive nos subúrbios de Austin, no Texas, e tem duas mães. As suas experiências de vida têm sido bastante diferentes, derivadas da comunidade onde vivem, como nos explicam os seus pais, enquanto espreitamos o seu quotidiano. Queer Spawn também nos mostra a Family Week, em Provincetown, a mais antiga reunião anual de famílias compostas de pais gay, lésbicas, bissexuais e transgénero. Alguns outros adolescentes e jovens adultos que participaram neste encontro falam também da experiência de crescer numa família com esta característica (ainda) particular. Em que termos discutem o assunto com os amigos e colegas? Com que tipo de diferentes reacções são confrontados? Sentem, de facto, uma maior pressão? São, eles mesmos, gay, lésbicas, bissexuais ou transgénero?
This documentary shows the life and thoughts of several teenagers who have lesbian or gay parents in the United States. Christopher is 12 years old, lives in Manhattan and has two dads. Kyle is 15, lives near Austin, TX, and has two moms. Their life experience has been very different because of the surroundings, as they and their parents candidly explain on camera while we get a glance of their everyday life. Queer Spawn also shows Family Week in Provincetown, the oldest annual meeting of families with lesbian, gay, bisexual or transgender parents. Many other teenagers and young adults who attended the event talked about the consequences of having lesbian or gay parents. How do they talk about it with other kids? Which reactions do they have to face? Do they feel some kind of extra pressure? Are they gay themselves?
Quarta, 20 - 15:30
Quarteto - Sala 4
Programa de Curtas 'Can You Take It?'
Jane, uma lésbica de São Francisco, regressa à sua terra natal no Ohio para celebrar o seu 42º aniversário, arrastando consigo a sua namorada. Uma vez lá, a dinâmica da sua família força-a a confrontar a sua própria homofobia internalizada, oculta sob uma fachada de orgulho.
On her 42nd birthday, Jane, a lesbian from San Francisco, decides to pay a visit to her native town in Ohio, with her lover in tow. Family dynamics force her to face her internalised homophobia seething under her ‘out and proud’ façade.
Quarta, 20 - 17:30
Quarteto - Sala 4
Between the Lines documenta o esforço tremendo da fotógrafa Anita Khemka em capturar as vidas marginais dos eunucos na Índia - os Hijras. Oficialmente, a sua existência é negada, e o seu universo, por si, é altamente inconsistente: os Hijras são inférteis, no entanto, e de acordo com a religião Hindu, ele têm "o talento de espalhar a fertilidade". Apesar de não terem quaisquer órgãos sexuais aparentes, o factor erótico é omnipresente no seu dia-a-dia. Como mulher e Indiana, Anita Khemka conseguiu aproximar-se dos Hijras, algo que qualquer ocidental, para mais se for homem, nunca conseguiria. Este documentário segue os passos de Anita através da Índia com três Hijras - Lakshmi, Rhamba and Asha -, numa viagem que nos introduz a um mundo de fascinação e do bizarro, revelando-nos as suas vidas, as suas alegrias e as suas celebrações, a prostituição, e as batalhas de identidade à volta do conceito 'Hijra'.
Between the Lines documents the tremendous effort photographer Anita Khemka puts forth in order to capture the life of the eunuchs of India - the Hijras - living as outcasts on the edge of society. Officially the existence of Hijras is denied and their universe itself is highly inconsistent: Hijras are infertile, yet, according to the Hindu religion they have "a talent to spread fertility". Although they have no apparent sexual organs, the erotic is omnipresent in their everyday lives. Being a woman, and an Indian, photographer Anita Khemka succeeds in becoming close to the Hijras, something which any Westerner, particularly a man, would never achieve. This documentary follows Anita through India with three Hijras - Lakshmi, Rhamba and Asha - on a journey that introduces us to a world of fascination and the bizarre, revealing us their lives, their laughs, their celebrations, the prostitution, and the struggles of what it means to be a 'Hijra'.
Quarta, 20 - 21:30
Quarteto - Sala 4
Laura, Laura traça um divertido e intenso perfil da performer de cabaret Laura de Vison. Laura relata-nos as perseguições que sofreu quando trabalhou como professor numa escola da Ilha do Governador - acabando por ser expulsa -, da sua vida como prostituta e, principalmente, do verdadeiro significado de assumir a sua personagem Laura de Vison. As suas apresentações trash são lendárias no bas-fond do Rio de Janeiro.
Laura, Laura draws an amusing and intense profile of cabaret performer Laura de Vison. Laura tell us of how she was stalked by the authorities when she worked as a teacher in the Ilha do Governador district of Rio de Janeiro - ending up being expelled from the school -, of her life as a prostitute and, above all, of the true meaning of dressing up the Laura de Vison character. Her trashy performances are famous in Rio de Janeiro's underground scene.
Este documentário propõe-se apresentar, sem uma agenda específica, nem poética nem didáctica, uma comunidade de transgéneros que resiste, à margem, mas não aceita qualquer tipo de descriminação. O Hotel Gondolin, em Buenos Aires, alberga trinta transgéneros e uma transsexual que trabalham como prostitutas, sendo esta a única forma de sobrevivência numa sociedade da qual são excluídas. É aqui focada a importância da liberdade da identidade de género, o dia-a-dia das mulheres no hotel, a prostituição de rua, e as crescentes dificuldades com a vizinhança e as autoridades locais. O documentário propõe tanto uma sequência de diversos instantes solitários, íntimos e confessionais, como uma série de retratos colectivos, de uma instantaneidade extrema. Da prostituição à sobrevivência, do socialmente punido à legalidade institucional, da frontalidade das drogas e do sexo à insinuação afectiva, do activismo político ao foro pessoal, tudo parece fundir-se em cada plano neste magnífico documentário de Fernando López Escrivá que, em primeira instância, trata-se de uma discussão sobre as verdades e as mentiras das leis com as quais nos governamos e que governam o mundo actual.
This documentary proposes itself to present, with no specific agenda, nor poetic nor didactic, a transgender community who resists, on the fringes, but who does not accept marginalization. The Gondolin Hotel, in Buenos Aires, is the home of thirty transgenders and one transsexual who work as prostitutes as the unique alternative to survive in a society that excludes them. The film focuses on the importance of freedom of gender identity, the everyday life of these women in the hotel, street prostitution, and the rising difficulties with the neighbours and the local authorities. The documentary proposes either sequences of intimate and confessional solitary exposure, or a series of collective portraits of an extreme urgency. From prostitution to survival, from the socially punished to institutional legality, from in-your-face drugs and sex to affective insinuation, from political activism to the personal realm, everything seems to blend in each of Fernando López Escrivá's frames, in this magnificent documentary which is, above all, a discussion on the truths and deceits of the laws by which we govern ourselves and who govern the contemporary world.
Quinta, 21 - 19:30
Quarteto - Sala 4
"Não imito as mulheres. Sou uma des-ilusionista do género"
Suppositori Spelling
Um colectivo de punk rock / arte performativa de drag queens e drag kings questiona a fronteira do género por meio das suas performances em playback num pequeno cabaret, todas as terças-feiras à meia-noite, conhecido como o Trannyshack. Um conjunto de entrevistas com os performers Suppositori Spelling, Heklina, Rusty Hips, Glamamore e The Steve Lady, permitem-nos um novo olhar a um universo criativo, sombrio e arrojado. Retratos intimistas das vidas dos performers são alternados com fabulosas e cruas performances de playbacks ao som dos Bauhaus, dos Kiss, de David Bowie, de Patti Smith, dos Joan Jett and The Black Hearts, só para nomear alguns.
"I'm not a female impersonator. I'm a gender delusionist."
Suppositori Spelling
A group of punk rock / performance art drag queens and kings explode the boundaries of gender through lip-sync performances at a small cabaret, every Tuesday at midnight, known as Trannyshack. Interviews with the performers Suppositori Spelling, Heklina, Rusty Hips, Glamamore and The Steve Lady allow a look into a world that is creative, dark and outrageous. Intimate portraits of the performers' lives are punctuated by fantastic and raw lip-sync performances to music from Bauhaus, Kiss, David Bowie, Patti Smith, Joan Jett and The Black Hearts to name a few.
Quinta, 21 - 21:30
Quarteto - Sala 4
Numa altura em que os media parecem incapazes ou mesmo hostis a verem-se a si próprios como vigilantes atentos e denunciadores da realidade, Reporter Zero relembra-nos, de forma inspirada, que um jornalista pode fazer a diferença. Reporter Zero é o primeiro documentário sobre a decisiva cobertura jornalística de Randy Shilts sobre a SIDA e a sua luta em tentar fazer ver à nação e à sua comunidade a verdade devastadora sobre esta epidemia. Enquanto a grande parte das publicações, na altura, se coibiam de cobrir aquilo que era considerado uma "doença dos gays", Shilts, o primeiro repórter americano de um prestigiado órgão de comunicação a revelar publicamente a sua homossexualidade, noticiou incessantemente o eclodir da epidemia da SIDA no San Francisco Chronicle. Ao passo que os media, as instituições federais e a própria comunidade científica menosprezaram a epidemia durante boa parte dos anos 1980, Shilts cedo percebeu que esta se viria a tornar numa crise global. Em 1987 as suas pesquisas e os seus escritos resultaram numa das obras seminais do final do século - o livro And the Band Played On. No entanto, no auge da sua carreira, a SIDA não lhe poupou a vida. A história de Randy Shilts é um exemplo do poder do jornalismo, representa um momento crítico na história do activismo gay, documenta o total falhanço das instituições, e relembra-nos de que apesar de tudo, uma só pessoa pode marcar a diferença.
At a time when the media seems unable or unwilling to assert itself as the public's watchdog, Reporter Zero is an inspiring reminder that journalists can make a difference. Reporter Zero is the first documentary film about Randy Shilts' groundbreaking AIDS reporting and the struggles he faced trying to get the nation and his community to reckon with the devastating truth about AIDS. While most publications shied away from covering what was considered a "gay disease," Shilts, the nation's first openly gay reporter at a major media outlet, reported from the frontlines of the AIDS crisis, sounding alarm after alarm in the San Francisco Chronicle. While the media, federal institutions, and even scientists downplayed news about the spread of AIDS in the 1980s, Shilts understood that the disease would become a global crisis. In 1987, his research and writing resulted in one of the most important books of our time-And the Band Played On. Yet, at the height of his career, AIDS claimed his life. Randy Shilts' story exemplifies the power of journalism, represents a critical moment in the history of gay rights, documents massive institutional failure, and reminds us that in spite of flaws and psychic struggles, one person can make a difference.
O realizador e produtor Joseph Lovett aponta as suas lentes à desinibida paixão sexual e sentido de descoberta que marcaram os doze anos entre Stonewall (1969) e os primeiros casos notificados de SIDA (1981). Tendo tido acesso a um importante conjunto de registos audiovisuais e fotográficos da vida sexual nas docas do West Side nova-iorquino, nos contentores, bares, discotecas, saunas e praias da cidade e estado de Nova Iorque, Lovett convoca uma série de personalidades envolvidas neste período hedonístico que nos oferecem uma visão da transição entre os anos reprimidos do pré-Stonewall para uma era de excesso sexual, sem paralelo desde a Antiga Roma. De uma linguagem directa, simultaneamente divertido e excitante, eles falam-nos das suas experiências com uma notável ironia, humor e um importante sentido crítico de contextualização histórica e social. Para as novas gerações - aqueles que iniciaram a sua vida sexual em plena era da SIDA -, este documentário pode ser profundamente revelador da vida quotidiana de uma certa juventude americana que quebrou com os valores puritanos, assumindo antes o mote: "se te dá prazer, fá-lo."
Documentary producer and director Joseph Lovett focuses his lens on the unbridled sexual passion and exploration that marked the twelve years from Stonewall (1969) to the first reported cases of AIDS (1981). With access to a filmic and photographic treasure trove of erotic life on New York's West Side Piers, trucks, bars, dance clubs, baths and beaches, Lovett's cast of storytellers takes us from the remarkably represses pre-Stonewall period to an era of sexual excess unparalleled since ancient Rome. Straightforward, funny and titillating at the same time, they tell their stories with remarkable wit, humour and perspective. For younger people - those who became sexually active after the age of AIDS - this film may be a startling revelation of what everyday life was like, when American youth were cutting loose from puritanical values and ascribing to the watchword of the time: "if it feels good, do it."
Sexta, 22 - 15:30
Quarteto - Sala 4
Numa altura em que os media parecem incapazes ou mesmo hostis a verem-se a si próprios como vigilantes atentos e denunciadores da realidade, Reporter Zero relembra-nos, de forma inspirada, que um jornalista pode fazer a diferença. Reporter Zero é o primeiro documentário sobre a decisiva cobertura jornalística de Randy Shilts sobre a SIDA e a sua luta em tentar fazer ver à nação e à sua comunidade a verdade devastadora sobre esta epidemia. Enquanto a grande parte das publicações, na altura, se coibiam de cobrir aquilo que era considerado uma "doença dos gays", Shilts, o primeiro repórter americano de um prestigiado órgão de comunicação a revelar publicamente a sua homossexualidade, noticiou incessantemente o eclodir da epidemia da SIDA no San Francisco Chronicle. Ao passo que os media, as instituições federais e a própria comunidade científica menosprezaram a epidemia durante boa parte dos anos 1980, Shilts cedo percebeu que esta se viria a tornar numa crise global. Em 1987 as suas pesquisas e os seus escritos resultaram numa das obras seminais do final do século - o livro And the Band Played On. No entanto, no auge da sua carreira, a SIDA não lhe poupou a vida. A história de Randy Shilts é um exemplo do poder do jornalismo, representa um momento crítico na história do activismo gay, documenta o total falhanço das instituições, e relembra-nos de que apesar de tudo, uma só pessoa pode marcar a diferença.
At a time when the media seems unable or unwilling to assert itself as the public's watchdog, Reporter Zero is an inspiring reminder that journalists can make a difference. Reporter Zero is the first documentary film about Randy Shilts' groundbreaking AIDS reporting and the struggles he faced trying to get the nation and his community to reckon with the devastating truth about AIDS. While most publications shied away from covering what was considered a "gay disease," Shilts, the nation's first openly gay reporter at a major media outlet, reported from the frontlines of the AIDS crisis, sounding alarm after alarm in the San Francisco Chronicle. While the media, federal institutions, and even scientists downplayed news about the spread of AIDS in the 1980s, Shilts understood that the disease would become a global crisis. In 1987, his research and writing resulted in one of the most important books of our time-And the Band Played On. Yet, at the height of his career, AIDS claimed his life. Randy Shilts' story exemplifies the power of journalism, represents a critical moment in the history of gay rights, documents massive institutional failure, and reminds us that in spite of flaws and psychic struggles, one person can make a difference.
O realizador e produtor Joseph Lovett aponta as suas lentes à desinibida paixão sexual e sentido de descoberta que marcaram os doze anos entre Stonewall (1969) e os primeiros casos notificados de SIDA (1981). Tendo tido acesso a um importante conjunto de registos audiovisuais e fotográficos da vida sexual nas docas do West Side nova-iorquino, nos contentores, bares, discotecas, saunas e praias da cidade e estado de Nova Iorque, Lovett convoca uma série de personalidades envolvidas neste período hedonístico que nos oferecem uma visão da transição entre os anos reprimidos do pré-Stonewall para uma era de excesso sexual, sem paralelo desde a Antiga Roma. De uma linguagem directa, simultaneamente divertido e excitante, eles falam-nos das suas experiências com uma notável ironia, humor e um importante sentido crítico de contextualização histórica e social. Para as novas gerações - aqueles que iniciaram a sua vida sexual em plena era da SIDA -, este documentário pode ser profundamente revelador da vida quotidiana de uma certa juventude americana que quebrou com os valores puritanos, assumindo antes o mote: "se te dá prazer, fá-lo."
Documentary producer and director Joseph Lovett focuses his lens on the unbridled sexual passion and exploration that marked the twelve years from Stonewall (1969) to the first reported cases of AIDS (1981). With access to a filmic and photographic treasure trove of erotic life on New York's West Side Piers, trucks, bars, dance clubs, baths and beaches, Lovett's cast of storytellers takes us from the remarkably represses pre-Stonewall period to an era of sexual excess unparalleled since ancient Rome. Straightforward, funny and titillating at the same time, they tell their stories with remarkable wit, humour and perspective. For younger people - those who became sexually active after the age of AIDS - this film may be a startling revelation of what everyday life was like, when American youth were cutting loose from puritanical values and ascribing to the watchword of the time: "if it feels good, do it."
Sexta, 22 - 17:30
Quarteto - Sala 4
O realizador Jonathan Franco estará presente nesta projecção.
Um homem fala das mudanças na sua vida após contrair uma doença venérea. Das inevitáveis manifestações na pele, da desilusão do contacto íntimo e da intolerância social. É um filme sobre a exclusão do outro pela recusa do seu corpo.
A man talks about the changes in his life after being infected with a venereal disease. About the disillusion of intimacy, dealing with skin manifestations and social intolerance. The everyday attempt to overcome rejection through self acceptance, awareness and a belief in the possibility of happiness. It's a film about illness and exclusion by denial of the body.
Sexta, 22 - 19:30
Quarteto - Sala 4
A realizadora Nancy Nicol estará presente nesta projecção.
Politics of the Heart relata o percurso comovente de famílias homossexuais que remodelaram a paisagem cultural e política do Quebeque na sua luta pelo reconhecimento legal das suas uniões de facto e das suas famílias. No início dos anos 90, o reconhecimento das uniões do mesmo sexo no Quebeque estava ainda em estado embrionário. Foi como reacção à morte de uma série de homens gay - mais de 1200 mortes causadas pela Sida -, bem como à expressão crescente da violência policial contra gays e lésbicas, que a Comissão dos Direitos do Homem do Quebeque, finalmente decidiu auscultar as discriminações e as violências infligidas aos homossexuais. O resultado deste inquérito foi publicado em 1994. Dele resultaram 41 recomendações que afirmavam desde o fim à violência ao reconhecimento das uniões e casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Politics of the Heart acompanha os inícios deste contexto hostil, mergulhando-nos depois na vida dos protagonistas que deram a cara na luta pela obtenção dos direitos ao casamento e aos direitos parentais para as famílias gays e lésbicas do Quebeque.
Politics of the Heart portrays the touching path of homosexual families who remodelled the cultural and political landscape of Quebec through their struggle for the legal recognition of their relationships and families. In the early nineties, the recognition of same sex unions in Quebec was still in a very early stage. Reacting to the death of numerous gay men - over 1200 deaths caused by Aids -, and to the growing violence perpetrated by the police against gays and lesbian, the Commission for Human Rights of Quebec, at last decided to examine the discriminations and violence inflicted on homosexuals. The result of this inquiry was published in 1994. Forty-one recommendations where established as a result, which defended important issues from the end of violence to the recognition of same sex unions and marriages. Politics of the Heart depicts these early fights in a hostile environment, opening the door to the lives of the protagonists who fought for same sex marriage rights and parental rights to gay and lesbian families of Quebec.
Esta é a história da companhia de teatro "Din Don Down", cujo elenco é composto por quatro rapazes deficientes. A sua última produção é o "À Espera de Godot", de Samuel Beckett. Este documentário visa mostrar a realidade destes rapazes através dos ensaios da peça, assistidos por um grupo de voluntários. São usadas duas narrativas visuais para o desenvolvimento da história: as entrevistas com os rapazes, os seus pais e os voluntários, bem como as imagens das suas actividades diárias durante uma semana de vida comunitária. Os realizadores quiseram mostrar as suas habilidades artísticas, mas, sobretudo, a sua humanidade, a sua capacidade de comunicação e a sua autenticidade. Din Don Down foi montado de forma a manter as entrevistas originais sem comentários externos, proporcionando uma história verdadeira e emocionalmente intensa.
This is the story of the "Din Don Down" acting company, composed of four disabled people. Their latest play is Samuel Beckett's "Waiting for Godot". This documentary aims to show the reality of these boys through the rehearsals of the play, assisted by the volunteers who aid them. Two visual narrative keys are used in order to develop the story: the interviews with the boys, their parents and the volunteers, so as the footage of their daily activities which include the rehearsals during a week of community life. The documentary directors want to show their artistic abilities but, above all, their humanity, their ability to communicate and their authenticity. Din Don Down was edited maintaining the original interviews, without external comments, in order to propose a true and emotionally intense story.
Sexta, 22 - 23:30
Quarteto - Sala 4
Hard Night
O realizador Charles Lum estará presente nesta projecção.
IML 2003 - part one: Pissies Not Sissies é o primeiro episódio de uma trilogia que explora o International Mister Leather Contest, o mais importante encontro mundial de entusiastas gay do leather S&M. Em três partes, seguem-se os rapazes do IML enquanto deambulam pelo concurso, pelo hotel, pelas festas temáticas e um sem fim de outros eventos. Pissies Not Sissies faz uso do confronto entre duas câmaras dentro da casa de banho dos homens com o fim de levantar questões relacionadas com performance, timidez, desejo e voyeurismo, num provocante e chocante exibicionismo fetishista que convida a uma análise à assimilação e conformidade dentro das subculturas e a uma visão de incompreensão por parte do mundo exterior.
IML 2003 - part one: Pissies Not Sissies is the first instalment of a trilogy exploring the International Mister Leather Contest, the largest gathering of (gay) leather S&M enthusiasts in the world. In three parts, it follows the ?IML Boys? as they navigate the contest, the hotel, the theme parties and an endless stream of events. Pissies Not Sissies takes duelling cameras into the contest men's room to raise questions of performance, embarrassment, desire and voyeurism in a confrontational and shocking display of fetishism which invites an analysis of assimilation and conformity within subcultures and ridicule from worlds outside.
Sábado, 23 - 22:00
Quarteto - Sala 2
François Chenu, de vinte e nove anos, foi espancado até à morte por três skinheads num parque de Reims, na madrugada de 13 para 14 de Setembro de 2002, só porque era homossexual. Sob a luz dos faróis, um pai pergunta-se "como se pode seguir vivendo depois disto…" A câmara de Olivier Meyrou acompanha este percurso extraordinário, antes e durante o processo de acusação dos três réus. Através de entrevistas com os advogados de defesa e do ministério público, e com a própria família Chenu, Au-Delà de la Haine (Para lá do Ódio) mostra-nos como os pais de François ultrapassam a sua dor, fieis aos seus valores, para que o seu combate a favor da tolerância e do respeito pelo outro adquira, hoje, todo o seu sentido.
"Queria questionar-me sobre a homofobia no mundo. E depois, surgiu a notícia da morte de François Chenu em Setembro de 2002. Através deste drama, foi possível estudar a sociedade francesa. Contactei e trabalhei com os três advogados de defesa e a advogada do ministério público. A minha primeira ideia foi a de procurar explicar, pela história dos três acusados, a mecânica do ódio. No passado mês de Junho, os pais de François aceitaram por fim encontrar-se comigo. Graças a eles e à sua atitude perante o processo de luto, o documentário ganhou novos contornos."
Olivier Meyrou
Twenty-nine year old François Chenu was beaten to death by three skinheads in a park in Reims, France, on the night of the 13th to the 14th September 2002, just because he was gay. Under the car lights, a father asks himself "how can one go on living after this…" Olivier Meyrou's camera follows this extraordinary path, before and during the accusation process against the three men. Through comprehensive interviews with both defence lawyers and district attorney, and the Chenu family, Au-Delà de la Haine (Beyond Hatered) reveals us how François' parents surpass their pain, remaining faithful to their values, so that their battle for tolerance and respect acquires, today, all it true significance.
"I wanted to question homophobia in the world today. And then the news on François Chenu's death on September 2002 came to light. Through this drama, it was possible to survey French society. I contacted and worked together with the three defence lawyers and the district attorney. My first idea was to try to explain the mechanics of hate, through the story of the three accused men. Last June, François' parents agreed at last to meet me. Thanks to them and their attitude throughout their mourning process, the documentary won a new dynamic."
Olivier Meyrou
Programas para maiores de 18 anos - Esta secção é meramente informativa, verifique eventuais alterações de programa junto da organização do festival.
Bilhete Normal - 3.00 EUR (2.00 EUR para membros de associações LGBT, excepto no AIFP).
10º Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa