Numa sociedade onde a identidade sexual se assume, cada vez mais, não como fixa e imutável, mas antes permeável e oscilante, a capital portuguesa abre as portas à 10.ª edição do Festival de Cinema Gay e Lésbico.
Apresentado como um veículo de entrada no nosso país de um cinema alternativo, o encontro exibe em dez dias, 114 filmes. Para além de 30 longas-metragens, 34 documentários e 50 curtas-metragens, o evento promove debates e palestras, centradas nas temáticas da homofobia e da transfobia.
Para o director do evento, João Ferreira, o festival procura aliar as questões, as problemáticas, as afirmações e as dúvidas, representadas já historicamente na cinematografia gay e lésbica, a outras questões, problemáticas, afirmações e dúvidas das nossas sociedades contemporâneas.
A programação central do evento tem lugar no Cinema Quarteto, a abertura e encerramento no Cinema São Jorge. Neste primeiro dia, no espaço São Jorge, pode assistir-se à estreia nacional da longa-metragem argentina «Un Año sin Amor», de Anahí Berneri, vencedora do «Teddy Award» para Melhor Longa-Metragem, da Berlinale, Festival Internacional de Cinema de Berlim, em 2005. O filme conta, num sentido olhar, o percurso de um jovem poeta seropositivo, na sua procura de amor pelas ruas de uma Buenos Aires nocturna e marginal.
Ainda no Cinema São Jorge, decorre entre segunda e sexta-feira, uma Retrospectiva de Cinema Espanhol de temática LGBT, com um total de cinco longas-metragens.
Para o terça-feira está marcada uma sessão subordinada à temática da Homofobia, no Instituto Franco-Português, com a presença de Louis-Georges Tin, ensaísta e professor universitário francês. Entre os dias 25 e 29 de Setembro decorrerá um Ciclo de Cinema Digital, no Goethe-Institut.
O encerramento terá lugar no sábado, dia 23, às 21h00 com nova sessão especial no Cinema São Jorge, onde serão atribuídos os prémios da Secção Competitiva. Dentro da produção cinematográfica, nacional e internacional de temática LGBT ou tangencial, foram seleccionados um conjunto de títulos que, pela sua qualidade cinematográfica e pertinência social e cultural, integram a Secção Competitiva nas catezgorias de «Melhor Longa-Metragem», «Melhor Documentário» e «Melhor Curta-Metragem».
Segue-se a projecção da longa-metragem espanhola Electroshock (Espanha, 2006, 98), de Juan Carlos Claver, a assinalar o tema da Homofobia, num impressionante retrato do amor entre duas mulheres durante a ditadura de Franco.
[Programa completo disponível em: www.portugalgay.pt/lxfilmfest/ ]