Um comunicado desta organização deseja que o "Vaticano exprima a sua verdadeira posição sobre o islão e os seus preceitos". A OCI espera que "esta campanha surpreendente não signifique uma nova orientação do Vaticano face à religião muçulmana, após décadas de diálogo", sobretudo desde o "pontificado de Paulo VI". A posição da OCI surge na sequência de afirmações do Papa feitas terça-feira na Alemanha. Falando em Regensbourg (Ratisbona), para uma plateia de universitários, Bento XVI declarou que, "para a doutrina muçulmana, Deus é absolutamente transcendente. A Sua vontade não se encontra ligada a nenhuma das nossas categorias, nem sequer à da razão." No site do Vaticano, a reprodução destas declarações é acompanhada por uma nota em que se lê que o Papa vai "apresentar posteriormente uma versão deste texto (...), devendo esta versão ser considerada provisória".
A meio da tarde de ontem, um porta-voz do Vaticano indicara que o Papa respeita o islão, mas considera ser seu dever íntimo "condenar as motivações religiosas da violência", ainda que não entenda enveredar "por um estudo profundo da jihad e do pensamento muçulmano nesta matéria".
Para um reputado islamólogo, o argelino Mustapha Cherif, co-fundador do Grupo de Amizade Islamo-Cristão, as palavras do Papa necessitam de "ser explicadas"; caso se confirme a interpretação ontem em curso, isso significa que "o islão é mal-entendido".
Noutros sectores, verificaram-se reacções mais emotivas, apelando à mobilização do mundo muçulmano, que teria sido ofendido pelas declarações de Bento XVI.