Clarisse Monteiro, professora de formação, é hoje mãe de dois jovens excepcionais e directora de uma associação que tem mostrado que é possível fazer mais pelos outros.
Clarisse como a maioria dos progenitores esperava que os filhos (ou filhas) correspondessem ao que é visto socialmente mais ou menos como a norma, mas no seu caso foi algo que não aconteceu. Se para alguns pais e mães esse facto é por vezes desastroso e factor de desânimo, a energia e o amor de Clarisse Monteiro transformou uma surpresa menos boa numa missão que trava até aos dias de hoje.
Mãe de uma criança com deficiência e de um rapaz homossexual, aquela que já foi apelidada de mãe coragem, não cruzou os braços e pôs os mãos à obra ou, se preferirem, pés ao caminho.
Quando se deparou com a falta de espaços para o seu filho com deficiência cognitiva, Clarisse ao invés de se fechar na angústia, criou a Associação Criança Diferente (www.criancadiferente.org ) em 1998, e que hoje serve não só como centro de dia mas também como internato para quem precise deste apoio na região da Maia.
Mas este é apenas a reacção a um dos seus filhos, porque a vida guardou-lhe outra surpresa: o seu outro filho partilhou com os pais que a sua orientação sexual não era aquela que talvez os seus pais esperavam, e Clarisse admite que realmente não o esperava, mas em momento algum deixou de apoiar os seus filhos sempre que precisaram de ajuda.
Quando surge a AMPLOS Associação de Mães e Pais Pela Liberdade Orientação Sexual (www.amplosbo.wordpress.com ), Clarisse Monteiro decide participar nesse movimento e por várias vezes é a voz enérgica desta associação, como aliás o é no resto da sua vida, quer no trabalho, que na sua dedicação pelos outros e pela família.
É neste contexto que a associação Criança Diferente se apresenta à organização da Marcha do Orgulho LGBT no Porto (MOP), sugerindo a sua participação na marcha deste ano. Uma participação notada, pelo colorido do grupo de jovens residentes da Criança Diferente e do seu carro amarelo da Quinta biológica, o projecto mais recente da associação. Também notada a energia física de Clarisse que durante toda a marcha fez o dobro da distância e não se cansou de usar o megafone para transmitir as palavras de ordem.
Assim é Clarisse Monteiro, tal como todos os pais e mães deveriam ser, capaz de transformar aquilo que muitos tomariam como negativo, em algo de extraordinariamente positivo: a luta por uma sociedade melhor.