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IN MEMORIAM: Isidro, um rapaz da Beira
Qua, 14 Out 2020

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IN MEMORIAM: Isidro, um rapaz da Beira
Discriminações cruzadas. “Origens humildes”, que escreveu e descreveu. Eu estou afastado da família. Vivo em Lisboa e não sou de Lisboa. Estou cá há 13, 14 anos. Toda a minha família está no interior, no meio rural. Tenho mãe que trabalha no campo, pecuária. Tem um rebanho de ovelhas de 50 cabeças. Falo à vontade porque estive lá há 2 dias e andei um pouco pela serra atrás das ovelhas. Trabalha no campo na agricultura, mas trabalha no campo para sustento próprio. O meu irmão mais novo está junto com ela no mesmo ambiente. Há outros dois irmãos, um deles está na Suíça, o outro é instrutor numa escola de condução. A minha prima direta tem um café, salão de jogos, ela e o marido. A minha tia, mãe dela também trabalha na agricultura. As minhas origens são essas. Eu sou a ovelha rosa, não ranhosa, mas sou a ovelha que destoa.

Ficou desempregado, recebeu subsídio de desemprego “enquanto durou, mas sempre em busca de trabalho noutras áreas.” Em meados de junho de 1995, na sede “do antigo Banco Português do Atlântico (…)”, um contrato a termo certo de “(…) 3 ou quatro meses prolongou-se por 7 ou 8 (…) registo de dados. Hoje tem outro nome, pode-se considerar backoffice. A campanha finalizou, cessaram os contratos de uma equipa de 19 pessoas. “Ninguém ficou.” Desempregado de novo. Voltar à hotelaria, “fora de questão” não consegue trabalho. Nessa época, “em paralelo, eu tinha uma ligação a um clube de amizade, sediado algures no centro do país. Era um clube de correspondência direcionado para uma população específica, nomeadamente para os homossexuais.”

CLUBE AMIGO



O Clube amigo chegou a envolver centena e meia de sócios correspondentes. “Houve um contacto próximo com o coordenador do clube, falávamos telefonicamente, e gerou-se uma amizade. (…) era um clube de correspondência, tinha um boletim bimestral que não passava de uma listagem de anúncios que era enviado aos associados. Nos primeiros meses de 96, o coordenador do clube teve de se ausentar (…) passou-me a pasta e o boletim, eu não gostava do modo como era apresentado e comecei a mexer naquilo, sempre com a concordância dele. Logo na edição seguinte passou de 8 para 16 páginas policopiadas. Já não era uma simples listagem de anúncios. Depois na edição seguinte, duplicou.”; “(…) sempre gostei de escrever, gostaria de seguir algo nessa área, fosse jornalismo, fosse qualquer coisa. Não tive oportunidade de estudar, um dia terei… Como eu gostava, aquilo era o meu brinquedo, aquele boletim.”

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Sérgio Vitorino

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