Lisboa 2010, as suas colinas iluminadas pelas luzes das Festas de St. António, patrono dos namorados e da cidade velha. Catão, político nacionalista, carismático e sem escrúpulos, persegue obcecadamente Sílvia, um jovem travesti algo místico. Certa noite, Sílvia cruza-se com Vicente, dito "o Corvo", polícia perseguidor dos travestis que, disfarçados de Noivas de Santo António, atacam as Festas da Cidade. Protedora de Sílvia, a misterioso Ju vive de pequenas chantagens. Estranhas fotografias comprometedoras de Catão circulam entre os partidos da oposição. Disposto a tudo, Catão vai pôr em causa na sua carreira ao bater-se pelo regresso de Sílvia.

O filme conta a história das irmãs Christine e Léa Papin, duas empregadas domésticas que em Le Mans, em Fevereiro de 1933, são culpadas do brutal assassínio de Madame Lancelin e da sua filha Genevieve. Obrigadas a trabalhar desde muito novas, Christine e Léa são contratadas como empregadas domésticas pela família Lancelin onde são bem tratadas. As raparigas partilham um quarto no sótão e a relação entre a mais velha, a dominadora Christine, e a sua irmã, muito mais nova e menos esperta, Léa, toma-se numa relação com uma forte componente sexual. Certo dia, quando a dona da casa e a sua filha Genevieve regressam inesperadamente de um passeio, são surpreendidas pela descoberta das duas irmãs já deitadas. Madame Lancelin pede explicações à semi-vestida irmã mais velha. Christine, em histeria, agarra numa jarra e com violência ataca a mãe e a filha. Quando Léa chega ao local, Madame Lancelin já está morta. Chocada com o que vê, Léa entra em cena e mata Genevieve.

Este documentário segue a história das irmãs Christine e Léa Papin, duas empregadas domésticas que, em Le Mans, em Fevereiro de 1933, assassinam brutalmente Madame lancelin e a sua filha Genevieve. Coma era a vida das empregadas domésticas numa casa burguesa, em Le Mans, nos anos trinta? As irmãs Papin trabalharam para a família lancelin durante sete anos; elas até chamavam Madame Loncelin de 'maman'. Quem eram estas pessoas para quem trabalhavam as duas jovens? Como é que o tribunal lidou com o facto de, apesar de terem sido encontradas as armas do crime e de haver uma confissão, nunca se ter estabelecido o motivo do crime? E o que dizer de Léa Papin, a mais nova das duas irmãs? Léa cumpriu a sua pena de prisão até ao fim, mas não há registo da data oficial da sua morte. Como viveu ela - e como morreu? A história das duas irmãs tem fascinado muitas pessoas ao longo dos anos e levou grandes nomes da literatura francesa (como Jean Genet, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Paul Eluard, Benjamin Peret e Jacques lacan) a fazer dela objecto dos seus escritos. A ideia deste documentário é de Laurent e Michele Pétin, os produtores do filme LES BLESSURES ASSASSINES de Jean-Pierre Denis, que quiseram abordar algumas das questões levantadas pelo seu filme.

Hoje, na África do Sul, a luta contra a SIDA ganha novos contornos: a população organiza-se em movimentos que militam contra a passividade do governo e o controlo das grandes companhias farmacêuticas sobre os tratamentos. Entre essa população, encontra-se Zackie Achmat, cuja extraordinária história é retratada neste filme. Apesar de ppder ser tratado, Zackie recusa os anti-retrovirais até que estes medicamentos cheguem a todas as pessoas. Zackie encarna hoje a luta dos seropositivos na África do Sul. Uma luta que é levada a cabo em simultâneo contra os laboratórios farmacêuticos do Norte e contra a recusa das sociedades e dos governos do Sul em enfrentar a mais grave tragédia vista no continente negro. MA VIE EN PLUS traça o retrato de um homem determinado em prosseguir a luta por uma sociedade mais justa, após a vitória do fim do Apartheid e da chegada da democracia. O filme conta essa luta que, mais do que qualquer outra, nos obriga hoje a olhar de frente as realidades do mundo, e a interrogarmo-nos sobre as nossas escolhas e as nossas prioridades em matéria de sociedade e de economia.

Dois eventos colidem. Enquanto os católicos convergem para o Jubileu, a mais importante peregrinação dos tempos modernos, milhares de gays e lésbicas de todo o mundo juntam-se para o primeiro World Gay Pride internacional. O realizador Joe Balass esteve lá - The Devil in the Holy Water é um documento vibrante desse episódio. Crítico e alegre, divertido e provocador, The Devil in the Holy Water vai ao epicentro da cultura católica para fazer uma leitura da moralidade e sexualidade contemporâneas. Enquanto o Vaticano se opõe ao World Pride, tentando através da sua considerável influência impedir a realização do evento, os italianos revelam uma postura mais complexa e até tolerante. À medida que a controvérsia em tomo do World Pride se intensifica, o realizador vai encontrando avós com um espírito mais prático, jovens neofascistas rígidos, freiras apagadas e drag-queens exuberantes. Peregrinos em busca de absolvição para os seus pecados, juntamente com Emiliano e Peir Paolo, dois jovens que vagueiam pelos acontecimentos, à procura de animação. O resultado é um documentário franco, iluminado e cheio de humor. The Devil in the Holy Water capta dois eventos históricos na sua intersecção, ao mesmo tempo que evidencia a cidade e a cultura em transição dinâmica.

Quatro idosos, de tutu, em palco, num pequeno auditório. Trinta anos opós se retirarem do bailado profissional. Actuam como parte do Trockadero Bollet de Amsterdão, apresentando uma poródia à bailarina clássica. Parodiando-se a si mesmos, evitam que os espectadores façam pouca da sua idade avançada. A realizadora, Coleto Valkenburg, filma estes homens em palco, durante os ensaios e num encontro no Scapina Ballet, onde tentam arranjar novas membros para a sua companhia. Não há muitos candidatos e o grupo ameaça dissolver-se, tanto mais que agora um dos bailarinos tem que se submeter a uma intervenção cirúrgica, após uma série de lesões. Com um sorriso amargo, diz "dançar é a única coisa que sei realmente fazer". A actuação combina em palco o humor e a tragédia, e apesar das piadas, nos bastidores, entre cada acto, podem ouvir-se suspiros de fadiga.

Em directo do Beacon Theatre, em Nova lorque, depois de sete anos na televisão e no grande ecrã, Ellen DeGeneres está de volta aos palcos, ao vivo, sem rodeios, ultrajante e assumida. Ellen comenta o conselho dos amigos de que não há nada a recear a não ser recearmo-nos a nós próprios: 'Bestial, agora tenho medo do medo. Antes não era assim: Muito obrigada.' Ellen explica a sua decisão de se livrar da necessidade de aprovação: 'Agora estou a emendar-me - a livrar-me de pequenas doses de aprovação até que já não precise delas'. Ellen debruça-se sobre a importância da moda: 'Ninguém quer usar nada que possa vir a encontrar igual numa outra pessoa na mesma festa. Aconteceu-me isso duas vezes - e das duas a pessoa era William Shatner.' É o regresso de Ellen DeGeneres na sua forma mais hilariante. Do seu segredo para lidar com o esquecimento do nome das pessoas à desagradável realidade que é filmar a nossa vida sexual, tudo isto é dito por Ellen DeGeneres com graça e sempre igual a si mesma. É uma noite que os seus fãs - e todos os que gostam de comédia - não esquecerão.

Urbânia é um conto de mitos urbanos e do desespero de um homem à procura de paixão e redenção. Charlie tenta reconstruir a sua vida depois da perda de um amante de longa data. Uma noite, das escuras ruas da cidade vê surgir um misterioso estranho pelo qual se deixa obcecar. Esta obsessão vai desencadear um declínio que o leva a uma existência crua e demente, nos limites da própria realidade. O mundo de Charlie é povoado por um elenco de personagens excêntricas, que contam, cada uma delas, um mito urbano. Complexo e provocante, Urbania é um temperamental filme noir-com-atitude e algo nunca antes visto.

Dantzig, anos 20 e 30. Oskar Matzerath, filho de um negociante local, é uma criança invulgar. Dotado de uma inteligência notável desde o seu nascimento, Oskar decide, no seu terceiro aniversário, deixar de crescer já que assiste à loucura do mundo à sua volta nas vésperas da II Grande Guerra. Esta decisão leva-o a recusar a sociedade e o seu tambor simboliza o protesto contra a mentalidade de classe-média da sua família e vizinhos, que representam a passividade do povo na Alemanha Nazi daquele tempo. Contudo, (quase) ninguém o ouve, e a catástrofe continua...

Logo após a morte acidental do seu amante, Paul, um jovem gay, regressa a casa para passar algum tempo com a família que não demonstra qualquer interesse em relação à sua perda, à natureza do seu relacionamento e talvez nem mesmo à sua sexualidade. Num mundo cheio de lembranças e onde quase tudo fica por dizer, Paul tem que estabelecer contacto com a sua própria tribo.

Nos anos 90, o fotógrafo e artista William Yang apresentou uma sessão de diapositivos que traçava a vida de alguns dos seus amigos de Sydney, vítimas da SIDA, ao mesmo tempo que explorava a sua ascendência chinesa. Agora, Sadness, complementa a simplicidade da apresentação que testemunhava mais de vinte anos das vidas destas pessoas de Sydney com uma viagem até à terra natal de Yang, no extremo norte de Queenslond, onde são dadas a conhecer várias versões do misterioso assassinato do seu tio, em 1920. A forma directa e calma como Yang se exprime adquire um tom eloquente e contemplativo até ao momento em que os dois pólos da sua história - a homossexualidade e a ascendência chinesa - se juntam na experiência comum do sofrimento. O resultado é um documentário comovente, mordaz e inspirador.

Dois irmãos, órfãos, de 16 e 9 anos de idade, arrastam-se pelas ruas da Cidade do México. Para assegurar o sonho de um futuro melhor, põem de lado todos os pesos que vão conseguindo ganhar. Quando o mais velho se apaixona e assalta as poupanças conjuntas para sair com a rapariga, o mais novo decide partir para sempre. Vinte e cinco anos mais tarde, os dois voltam a encontrar-se...

Mais do que poderia mostrar qualquer revista, o realizador Rustin Thompson observa os protestos durante o encontro da Organização Mundial do Comércio, em Seattle, em 1999, com uma dedicação extraordinária ao drama humano e com detalhes de objectiva. Ainda que a maior parte das notícias tenham compartimentado os protestos entre dois lados lutando um contra o outro, 30 Frames a Second vai mais ao fundo da questão. Os que protestam são provenientes de diversos estilos de vida e possuem as sua preocupações próprias; a polícia, nas suas botas de montar, demonstra uma força assustadora e a violência que exerce sobre as pessoas desarmadas resulta em tumultos. 30 Frames a Second descreve a perda de controlo; o que acontece quando a polícia se toma o bandido; a forma como um protesto pacífico se torna numa manifestação de violência.

A noite de São Lourenço é a noite das estrelas cadentes, é a noite em que os desejos se tornam realidade segundo a tradição italiana. Em 1944, um grupo de Italianos foge da sua cidade depois de ouvir rumores de que os nazis planeiam fazê-la explodir e de que os americanos estão a chegar para os libertar.

Fiona é uma jovem mulher de trinta e um anos, abandonada à nascença pela mãe, uma prostituta. Fiona cresce, toma-se também prostituta e as duas mulheres acabam por se encontrar alguns anos mais tarde. O filme explora a existência particular desta jovem mulher, nascida num mundo duro e cruel, que apesar das situações extremas que atravessa nunca perde a sua profunda identidade feita de ternura e lucidez.