Ao Palace Hotel de Rio Tinto Maduro chega O. Rita, a nova hóspede e chefe da Estação Telegráfica-Postal. Afinal, é Rito - o 'querido' de Gabriela, que através desse disfarce procura escapar aos socos do 'papazinho', o Coronel Peixe-Espada.

Esben Benestad é médico numa pequena cidade da Noruega. Tem o seu consultório, dois livros sobre educação sexual publicados e escreve regularmente para uma revista masculina; além disso é também um político liberal. Contudo, Esben Benestad tem ainda uma outra identidade - ele é Esther Pirelli, terapeuta sexual e actriz ocasional. Esben Benestad é um travesti. Neste filme, o filho de Esben Benestad conduz a história do pai com ternura, humor e ironia, providenciando um retrato pessoal deste homem enigmático, sem no entanto sucumbir inteiramente ao talento óbvio do seu pai para a representação. O realizador do filme, Even Benestad, diz que ao contrário da ideia do pai de que este filme o promoveria como uma pessoa excêntrica e diferente, o que tentou fazer foi um retrato pessoal e em profundidade baseado na relação pai/filho, em que está presente a quantidade de sofrimento que a auto-realização de uma pessoa pode provocar na outra.

Neste filme, rodado duas semanas antes da sua morte vítima de SIDA, o actor e bailarino de São Francisco, Rodney Price, canta e dança uma canção sobre a sua própria morte: 'I've Got Less Time Than You' {'Tenho Menos Tempo do que Tu'). Trata-se de um comovente e poderoso testemunho da resilência do espírito humano.

À medida que a psicadélica cidade de São Francisco dos anos 60 se transformava, já nos anos 70, numa cidade gay, as Cockettes, um flamejante conjunto de hippies (mulheres, gays e bebés), enfeitavam-se com tons brilhantes, em versões drag ao estilo gender-blender, para uma série de espectáculos à meia-noite, no Palace Theatre de North Beach. Com títulos como "Tinsel Tarts in a Hot Comoll" e "Pearls over Shongai" estas extravagâncias de dança e canto contavam com um guarda-roupa elaborado, uma sexualidade rebelde e um caos exuberante. Nos seus dois anos e meio de existência, as Cockettes criaram 20 espectáculos e participaram em 4 filmes, proporcionando uma explosão única de cultura experimental e ousadia artística que continua a influenciar os mundos do teatro, da música, da moda, da política e espiritualidade gay e da vida urbana dos clubes nocturnos.

Oliver Button is A Star é um documentório que explora as agressões de que são vítimas algumas crianças, a tolerância e as alternativas para que os mais novos possam, de uma forma positiva, expressar as diferenças de género. O realizador usa o espectóculo do Twin Cities Gay Men's Chorus, baseado no livro infantil de Tomie dePaola, Oliver Button Is A Sissy, como estrutura narrativa, entrelaçando-o com animação, filmes de arquivo, vídeos amadores, actividades pedagógicas e entrevistas a personalidades como a exploradora do Ártico, Ann Bancroft, o bailarino e coreógrafo, Bill T. Jones, o caracterizador Kevyn Aucoin e Tomie dePaola, que contam os momentos das suas infâncias em que foram forçados a confrontar-se com as construções convencionais do 'masculino' e do 'feminino'. Ao longo do documentário vão-se vendo ainda partes de uma aula de Mary Cowhey, em que o livro de dePaola é lido às crianças, ao mesmo tempo que se fazem exercícios que promovem a tolerância. Oliver Button Is a Star foi lançado nos EUA numa altura em que as agressões nas escolas são cada vez mais frequentes, repercutindo-se em toda a sociedade. As manchetes quase diárias sobre rapazes, alienados e negligenciados, que praticam actos de violência, crimes de ódio e sofrimento inútil confrontam-nos com a questão: o que é preciso fazer para que se tornem adultos responsáveis? Com alguma excentricidade e de uma forma determinada, a história de Oliver Button apresenta uma resposta positiva visando alterar esta situação.

Num bonito dia de Verão, na Nova Inglaterra, um pequeno rapaz chamado Alex, vestido com o seu melhor fato de domingo, está apreensivo com a revelação que se prepara para fazer numa reunião de familiares, amigos e conhecidos. Quase se pode sentir o cheiro da tarte de maçã caseira que todos irão provar depois da sua intervenção. Com a aproximação do momento, vê-se um grande palco e um pódio elevado e experimenta-se o desconfortável silêncio que se instala quando Alex se prepara para falar. Apesar de tudo parecer correr bem, somos surpreendidos pelo que ele tem a dizer e podemos depois apreciar a sua mãe e os restantes presentes a celebrar a revelação.

Evocativo, apaixonado e poético, este filme explora de forma comovente e persuasiva a relação entre uma filha e o seu pai, na infância e idade adulta. No dia do funeral do pai, ela deixa-se inspirar pelo seu legado de amor, compreensão e compaixão para resolver definitivamente a sua identidade sexual.

Há alguns anos, os jornais de Kerala, no sul da índia, publicaram a história chocante de duas jovens lésbicas que puseram termo à vida debaixo de um combóio. Consigo traziam uma carta onde explicavam que pretendiam matar-se por verem falhada a longa luta que haviam travado para poderem viver juntas na rígida e hipócrita sociedade de Kerala. É irónico que Kerala seja conhecida por ser 100% literaria, o que faz dela um dos locais do mundo onde estes níveis são mais elevados. Petals, foca o agonia destas raparigas e de tantas outras que ainda lutam pelo seu direito ao afecto.

Em lados opostos de uma cerca, eles marcham lugubremente. Os altos chefes de cada grupo lideram com autoridade. Arrastando-se e de olhos no chão, nenhum dos lados parece interessar-se pelo outro, até que se dá um encontro casual. Dois deles, um de cada um dos lados da cerca, distanciam-se da marcha e voltam-se um para o outro. Um é tímido e inseguro. O outro, vislumbrando uma oportunidade para fazer um amigo, oferece-lhe uma flor. Quebra-se o gelo e quase dão um beijo, mas... Poderá o amor prevalecer num mundo brutalmente conformado.

A luta pela conquista do título de próxima namorada é o tema desta hilariante curta-metragem realizada por Cassandra Nicolaou. Com um elenco composto por figuras célebres da cidade de Toronto, nove mulheres são questionadas por um desconhecido entrevistador que pretende descobrir se estão à altura do título.

Um homem baixo e louro deixa-se envolver pela pulsante luz estroboscópica de uma discoteca gay. É obvio que este homem anda à procura de sexo. Mas é possível que se venha a confrontar com algumas surpresas. De repente, na casa de banho, dá de caras com um tipo latino e musculado, mas por um curto instante desvia o olhar e o latino desaparece para no seu lugar se encontrar agora um homem grotesco. Para este filme, cujas personagens são 50 dos famosos bonecos 'Billy', Todd Downing inspirou-se na actual corrente dos alegres romances gay, gozando-os impiedosamente.

Às vezes a mulher não consegue conquistar o seu homem. O Céu saberá porquê!

Quando Anna se dirige a Alex sabe tudo sobre a magnífica história de amor que vai nascer entre elas e a que quer dar início imediatamente. Mas Alex não concorda. É que se tudo fosse escrito desde o princípio, seria demasiado fácil.

Hey Happy! é um conto de fadas queer e contemporâneo sobre elegantes príncipes à procura uns dos outros num mundo de fadas, bruxas e duendes. Numa Winnipeg imaginária, caracterizada por uma desolada paisagem industrial, os habitantes locais estão ligados uns aos outros por um estado de terror e tédio, à espera de uma grande inundação capaz de pôr termo a todas as formas de vida. Contudo, a maioria só se deixa preocupar com a tragédia anunciada quando surgem outras preocupações maiores. Para o malicioso DJ Sabu, que prepara uma grande rave em Garbage Hill, o importante é mesmo completar a missão de dormir com 2000 homens (para o que está a um homem de distância). A sua atenção centra-se no esbelto Happy, um especialista em ovnis que recebe na sua caixa de ressonância transmissões de extraterrestres que lhe prometem aparecer um dia na terra sob a forma de um filho seu. Para infelicidade de Sabu, o terrível cabeleireiro Spanky, que se auto-proclama 'a maior cabra do mundo', surge como um rival deixando o desafortunado Happy subjugado ao seu caótico antro. Vudu, intercepções alienígenas e amor vão acabar por satisfazer os sonhos que estes heróis perseguem com tanta determinação.

Desde a infância que Richard Viede tinha uma vida recheada de sucessos, graças às suas participações em telenovelas australianas. Até que a sua vida toma um rumo sombrio e as televisões nacionais testemunham o seu desaparecimento, vítima de uma overdose. Crazy Richard é um burlesco documentário que segue Viede na sua tentativa de recuperar uma ilustre carreira, participando na telenovela gay I Can't Get Everything Straight! Mas este perverso e cruel 'documentário' aborda ainda assuntos mais sérios e que fazem parte da actualidade: a celebridade, os media, o voyerismo e a forma como a fama pode destruir uma pessoa. Com um guião brilhante e de uma forma bastante perspicaz, Crazy Richard não esclarece o que vemos: será realidade ou ficção?

'Sob uma perspectiva autobiográfica, I Love the Sound of the Kalashnikov... traça a viagem através dos tons dramáticos e homo-eróticos do sangrento conflito humano, até chegar ao horror... e à manipulação política.' O genocídio arménio de 1915 é ao mesmo tempo a génese e o fim desta obra que viaja por caminhos desconhecidos que nos levarão à ideia de casa, não enquanto lugar onde está o coração, mas onde esteve outrora. A película e o som são cuidadosamente trabalhados para proporcionar uma fusão de múltiplos frames trémulos, descolorados e granulosos. O filme conta o modo como a guerra não irrompe a partir de erupções esporádicas, mas é constante. A câmara de Kazarian capta imagens de grande beleza; pode ou não perceber-se o significado de tudo quanto se vê, mas para quem tiver a capacidade de se deixar hipnotizar pode ser uma magnífica experiência audiovisual.

Julie, trinta e um anos, vive com o marido e dois filhos num bairro de classe média baixa de New Jersey. Visto a partir deste lugar, o glamour de Nova lorque parece estar a anos luz de distância. A vida de Julie é um corrupio de limpezas, cozinhados e outras tarefas domésticas. Julie é uma boa esposa e uma mãe exemplar. Apesar de nunca ter acabado o liceu, Julie tem um enorme fascínio por física e matemática e, sempre que pode, compra a revista 'Scientific American'. Sem querer correr o risco de parecer ridícula, mantém em segredo este seu interesse, que não confessa ao marido, Rick, nem aos seus amigos. Certo dia, Julie encontra um flyer anunciando um curso de computadores para adultos e convence Claire, a sua melhor amiga desde os tempos de escola, a inscrever-se com ela. Rick opõe-se, mas nada consegue deter Julie. Inspirada pelo seu sucesso, Julie ganha coragem para pôr Rick fora de casa. Claire decide também deixar o marido e surge à porta de Julie com as suas malas. Daqui para a frente as duas mulheres vão viver juntas com as crianças e iniciam um apaixonado romance. Contudo, apesar de Julie começar a ponderar a hipótese de seguir para a faculdade, Claire sente-se tentada pelo seu velho estilo de vida...